Este projeto é uma parceria entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Djass – Associação de Afrodescendentes e resulta da apresentação, por parte da associação, de uma proposta de criação em Lisboa de um memorial de homenagem às pessoas escravizadas que foi submetida ao Orçamento Participativo de Lisboa em 2017, tendo sido anunciado como um dos projetos vencedores numa cerimónia pública que decorreu nos Paços do Concelho em 27/11/2017.
O objetivo principal do memorial é prestar tributo à memória dos milhões de africanas e africanos escravizados por Portugal ao longo da sua História, nomeadamente entre os séculos XV e XIX. Uma homenagem às vítimas e resistentes de ontem e de hoje, que pretende promover o reconhecimento histórico do papel de Portugal na Escravatura e no tráfico de pessoas escravizadas e evocar os legados desse longo período na sociedade portuguesa atual, desde a rica herança cultural africana às formas contemporâneas de opressão e discriminação.
Após a vitória no OP, a Djass manteve ao longo de 2018 diversas reuniões com a equipa técnica da CML responsável pela operacionalização do processo de criação do memorial, para planeamento das suas etapas e estabelecimento das suas condições.
Paralelamente, a Djass criou um Grupo Consultivo para apoio ao processo de definição do conceito do memorial, de identificação de criadoras/es afrodescendentes a convidar para apresentação de propostas e para discussão de outros aspetos relacionados com odesenvolvimento do projeto. O Grupo é constituído por pessoas com ligação ao movimento ativista negro e antirracista e investigadoras/es científicas/os com conhecimentos sólidos em história (em particular da Escravatura), estudos pós-coloniais, arte e museologia.
Composição do grupo consultivo:\
– Anabela Rodrigues (Ativista; dirigente do Grupo de Teatro do Oprimido de Lisboa)
– Ângela Barreto Xavier (Investigadora do ICS/Univ. de Lisboa; Doutorada em História)
– Flávio Almada (Rapper e ativista cabo-verdiano; dirigente Assoc. Moinho da Juventude)
– Isabel Castro Henriques (Investigadora do CEsA/ISEG/Univ. de Lisboa; D. História)
– Joacine Katar Moreira (Ativista e dirigente do INMUNE – Instituto da Mulher Negra emPortugal e investigadora do CEI-IUL/ISCTE; D. Estudos Africanos)
– Luzia Gomes (Professora na Universidade Federal do Pará, Brasil; D. Museologia)
– Marta Araújo (Investigadora CES, Univ. Coimbra; D. Sociologia da Educação)
– Marta Lança (Curadora artística, editora do portal BUALA, doutoranda em EstudosArtísticos FCSH/UNL)
O processo culminou na elaboração de uma nota conceptual que resume as principais características do memorial e define os principais critérios que a criação do mesmo deverá respeitar, bem como na seleção de cinco artistas a convidar para apresentação de propostas. Este documento foi enviado à CML no dia 27 de setembro de 2018, não tendo conhecido desenvolvimentos até ao final do ano.
Após algum impasse, foi já em 2019 (fevereiro) que o Presidente da CML comunicou à Djass a sua pretensão de retirar o memorial do âmbito do OP, para que a sua concretização não ficasse condicionada aos limites orçamentais do mesmo. Assim, o projeto do memorial viu aumentada a dotação orçamental disponível (para 150 mil Euros + IVA) e confirmada a possibilidade de criação, numa segunda fase, de um centro interpretativo associado, que permita uma contextualização histórica mais aprofundada do memorial propriamente dito e a realização de eventos ligados às temáticas focadas. A disponibilidade de um edifício para acolher o centro interpretativo junto ao Largo José Saramago, resultou na alteração do local para colocação do memorial, inicialmente proposto para a vizinha Ribeira das Naus.
Ao longo de 2018 foi frequente a cobertura mediática do memorial, tendo sido publicados diversos artigos de jornal e peças radiofónicas sobre o memorial, em órgãos de comunicação social portugueses e estrangeiros.